A busca por eficiência e mais segurança na produção de petróleo tem dado origem a grandes discussões sobre como levar todos os equipamentos que hoje estão em uma plataforma para o fundo do mar, mantendo apenas os dutos que transportam o óleo e gás já tratados para a costa. Com isso o gás é separado, reinjetando todo o CO2; a água é tratada para descarte conforme as normas ambientais ou reinjetada para garantir a pressão no reservatório; e os fluidos de valor comercial são levados para estações de tratamento e bombeamento no continente.
Todo esse sistema será monitorado remotamente e, quando necessário, robôs e sistemas autônomos podem ser usados para manutenções. Isso parece um futuro distante, mas não é.
A marinização de equipamentos e a automação são buscas constantes de toda a cadeia de óleo e gás. Sistemas de monitoramento e atuação remota já são realidade no Brasil e no mundo em diversos campos de águas profundas e ultraprofundas.
Sistemas de separação de líquidos e de gases já estão em operação ou em desenvolvimento acelerado. Aqui, cabe falar do Hisep (High-Pressure Separator), equipamento de desenvolvimento nacional, patente Petrobras, em estágio avançado de construção e testes para instalação no campo de Mero no pré-sal da bacia de Santos. O Hisep é uma tecnologia inovadora para a separação submarina de água, óleo e gás, desenvolvida para operar em condições desafiadoras e em profundidades extremas. Essa tecnologia possibilita o processamento inicial dos fluidos produzidos diretamente no leito marinho, o que transforma a produção offshore com eficiência e sustentabilidade, ao mesmo tempo que contribui para a redução da pegada de carbono do setor.
Além do Hisep, sistemas como o SSAO – Separador Submarino de Água-Óleo foram ou estão em desenvolvimento para campos maduros e para o pré-sal. Tais equipamentos favorecem a redução de plantas de processamento nas plataformas e podem aumentar a produtividade de alguns campos, visto que em vários casos a limitação de produção está ligada ao limite de processamento dos gases e da água produzida.
Voltando à marinização, novos equipamentos acabam por requerer o desenvolvimento de toda uma gama de produtos. No caso do Hisep, são sistemas elétricos, sistemas de bombeio, vasos separadores, toda uma instrumentação, sistemas de controle e monitoramento a desenvolver e testar em condições e ambientes extremos. Todo esse conjunto favorece a indústria nacional, gera mais empregos, aumenta a necessidade de pessoal especializado, reduz a pegada de carbono e aumenta a eficiência energética.
Por outro lado, o processo de transferir todo o sistema de processamento para o leito marinho necessita de sistemas de dutos e pontos de compressão e rebombeamento ainda a serem instalados e, no limite, podem impor novas questões relativas a problemas de garantia de escoamento como deposição de parafinas, asfaltenos, formação de hidratos, processos erosivos e corrosivos antecipados, novos dutos, revestimentos e materiais, sistemas de monitoramento e remediação de tais problemas, entre outros que ainda podem surgir.
Tais problemas são temas constantes em pesquisas tanto nas empresas quanto nas universidades e centros de pesquisa, levando a outros desenvolvimentos para incremento da cadeia e favorecendo o desenvolvimento industrial do setor.
Vemos com isso que a demanda por novas tecnologias como o Hisep e de novas soluções para a marinização de plantas de processo e plataformas promete não apenas melhorar a eficiência da produção de petróleo e gás, mas também atender aos crescentes requisitos ambientais.
Dessa forma, o desenvolvimento tecnológico evolui como uma ferramenta essencial para a produção offshore, garantindo uma maior sustentabilidade e longevidade dos campos de petróleo, enquanto contribui para a transição energética global.
Por fim, um novo mercado, relacionado com o descomissionamento de plataformas vai se formando e promete ser outro grande desafio futuro.